segunda-feira, 7 de maio de 2012

Três anos de muita saudade e dor


Por Christiane Souza Yared


Foto: Arquivo pessoal de Christiane Souza Yared
São 7 horas da manhã, não consegui dormir, há exatos três anos minha vida mudou de direção. Perguntaram-me em um programa de televisão se eu perdoaria o Sr. Carli automaticamente disse que sim!

Hoje depois de passar a noite acordada, percebi que o perdão está bem mais alto do que posso alcançar. Mesmo que um dia consiga perdoá-lo, não significa que ele não tenha que pagar pelo erro que cometeu! Virou a minha vida do avesso, e sai dela como se nunca tivesse entrado!

Percebi que não sou melhor que a dor me fez mais realista, mais triste, mais solitária. As lágrimas hoje fazem parte de minha vida.

Sr. Carli, hoje três anos depois de invadir a vida da minha família, o estrago por você provocado é ainda maior!

Hoje não posso perdoá-lo, pois o perdão deve ser conquistado com arrependimento verdadeiro!

Foto: Arquivo pessoal de Christiane Souza Yared
Nesta segunda-feira, dia 7, faz três anos que um carro digirido em alta velocidade pelo hoje ex-deputado Luiz Fernando Ribas Carli Filho, bateu em outro veículo num cruzamento do bairro Mossunguê, em Curitiba, matando na hora Gilmar Rafael Yared, 26, e o carona, o amigo de Gilmar, Carlos Murilo de Almeida, 20.

A investigação descobriu que Carli Filho estava embriagado e tinha a carteira de habilitação cassada quando bateu e atingiu violentamente o veículo onde estavam os dois jovens. O ex-deputado Carli Filho, que renunciou ao mandato para escapar da cassação na Assembleia, foi indiciado em inquérito policial por crime de duplo homicídio com dolo eventual, quando o réu assume o risco de produzir um dano a terceiros.

Na Justiça, Carli Filho foi alvo da conclusão de que o seu ato é passível de enfrentar o júri popular para receber o veredicto a respeito do ato que cometeu. Ele recorre desta decisão. Enquanto o caso não tem um desfecho na esfera jurídica, a família Yared tenta continuar sua vida, através da dedicação a projetos sociais.

Christiane Yared, mãe de Gilmar, fundou o IPTRAN (Instituto Paz no Trânsito), uma ONG que ampara com atendimento psicológico famílias enlutadas pela perda de um ente querido em casos de morte violenta. O IPTRAN também criou e apoia a formação de condutores mais conscientes no trânsito. Para isso desenvolveu com especialistas na área da pedagogia e psicologia ações em escolas e através de manifestações.

Christiane usa sua experiência para mostrar, por meio de um significado prático de solidariedade e ações educacionais, de que a trágica morte de dois jovens, que ainda pede mais esclarecimentos por parte de nossas autoridades, pode ser o ponto de partida para salvar novas vidas.

Nesta segunda-feira, Christiane Yared concederá uma entrevista coletiva, às 15 horas, no escritório do advogado que representa a família das vítimas, Dr. Elias Mattar Assad. Na ocasião, Christiane falará sobre o estágio em que o processo judicial contra Carli Filho se encontra, além de apresentar um balanço a respeito das ações sociais e educacionais mantidas pelo IPTRAN.

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