quinta-feira, 31 de maio de 2012

Dividir a AMSOP – Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná é um bom negócio?


Betto Rossatti
Acompanhamos a história do Sudoeste na cobertura do jornalismo regional há 28 anos. Sempre fomos partidários da união regional, de entidades que representassem o Sudoeste do Paraná. Mas começo a perceber que nossa realidade regional mudou. Mudou pela vaidade pessoal de algumas lideranças regionais, e por causas também naturais da evolução sócio econômica do Sudoeste do Paraná, que levam cada município polo a brigar por seus interesses individuais.

Ouvindo o advogado Aires Forselini com muita propriedade em entrevista a rádio Celinauta, quando levantou o debate e descortinou a hipocrisia com que os temas regionais estão sendo tratados. A Agência de Desenvolvimento, órgão da AMSOP está tendo sua credibilidade questionada, quando lideranças de Pato Branco afirmam que verbas conquistadas com a bandeira do Sudoeste, quase que exclusivamente são destinadas para obras publicas em Francisco Beltrão. Sedes de órgãos públicos, via de regra, são instalados em Francisco Beltrão.

É fato que hoje existe algo errado nesta conta do regionalismo, e do desenvolvimento e divisão equânime dos recursos públicos destinados ao Sudoeste. Está proposto um debate importante. É interessante para a região dividir a AMSOP, criar uma estrutura na microrregião de Pato Branco? Pode ser, mas quero continuar acreditar que conta de dividir chama outra, a de subtração. Parece-me que não vai resolver, pelo contrário, vai criar mais problemas que soluções. Vamos nos tornar duas microrregiões nanicas, porque no frigir dos ovos, é isso que somos. Nanicos peleando entre gigantes para não sucumbir.

Não esqueçam que temos menos de 5% do universo eleitoral do estado. Vamos adiante e me forço a pensar. Mas... e se o problema não estiver na AMSOP, mas na competência de lideranças políticas que representam os interesses destas duas microrregiões. Pode ser que os líderes de Francisco Beltrão estejam mais unidos, mais fortes, mais coesos, e mais compenetrados na missão de representar seus concidadãos. Confesso que sinto uma forte queda, apesar de relutar, como patobranquense nato, a aceitar que estejam sendo mais competentes por lá. Assinar um atestado de incompetência não é fácil. Porque criticar apenas as lideranças políticas da microrregião de Pato Branco é fácil. Mas é preciso lembrar que eles estão ai com o meu e o seu voto.

Então, neste estado democrático de direito, se eles estão errados, é porque em primeira instância, nós erramos naquele dia fatídico em que depositamos nosso voto na urna. Está na hora de deixar a hipocrisia de lado, ir para o debate franco, aberto e sem meias palavras e discurso político, metafórico. Quero ouvir as vozes de nossos representantes políticos, porque a questão é política. Mas é difícil acreditar que rasgar a história do Sudoeste, içar a bandeira do cada um prá si, vai resolver o problema. Dividir, anotem: Vai destruir uma história de luta de nossa gente. Porque renascer das cinzas só acontece na mitologia, como aquela linda ave, como se chama mesmo... a sim, a Fênix. 

Roberto Ivan Rossatti
Jornalista da Fundação Cultura Celinauta

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