Betto Rossatti |
Acompanhamos a história do Sudoeste na cobertura do
jornalismo regional há 28 anos. Sempre fomos partidários da união regional, de
entidades que representassem o Sudoeste do Paraná. Mas começo a perceber que
nossa realidade regional mudou. Mudou pela vaidade pessoal de algumas
lideranças regionais, e por causas também naturais da evolução sócio econômica
do Sudoeste do Paraná, que levam cada município polo a brigar por seus
interesses individuais.
Ouvindo o advogado Aires Forselini com muita
propriedade em entrevista a rádio Celinauta, quando levantou o debate e
descortinou a hipocrisia com que os temas regionais estão sendo tratados. A
Agência de Desenvolvimento, órgão da AMSOP está tendo sua credibilidade
questionada, quando lideranças de Pato Branco afirmam que verbas conquistadas
com a bandeira do Sudoeste, quase que exclusivamente são destinadas para obras
publicas em
Francisco Beltrão. Sedes de órgãos públicos, via de regra,
são instalados em
Francisco Beltrão.
É fato que hoje existe algo errado nesta conta do
regionalismo, e do desenvolvimento e divisão equânime dos recursos públicos
destinados ao Sudoeste. Está proposto um debate importante. É interessante para
a região dividir a AMSOP, criar uma estrutura na microrregião de Pato Branco?
Pode ser, mas quero continuar acreditar que conta de dividir chama outra, a de
subtração. Parece-me que não vai resolver, pelo contrário, vai criar mais
problemas que soluções. Vamos nos tornar duas microrregiões nanicas, porque no
frigir dos ovos, é isso que somos. Nanicos peleando entre gigantes para não
sucumbir.
Não esqueçam que temos menos de 5% do universo
eleitoral do estado. Vamos adiante e me forço a pensar. Mas... e se o problema
não estiver na AMSOP, mas na competência de lideranças políticas que
representam os interesses destas duas microrregiões. Pode ser que os líderes de
Francisco Beltrão estejam mais unidos, mais fortes, mais coesos, e mais
compenetrados na missão de representar seus concidadãos. Confesso que sinto uma
forte queda, apesar de relutar, como patobranquense nato, a aceitar que estejam
sendo mais competentes por lá. Assinar um atestado de incompetência não é
fácil. Porque criticar apenas as lideranças políticas da microrregião de Pato
Branco é fácil. Mas é preciso lembrar que eles estão ai com o meu e o seu voto.
Então, neste estado democrático de direito, se eles
estão errados, é porque em primeira instância, nós erramos naquele dia fatídico
em que depositamos nosso voto na urna. Está na hora de deixar a hipocrisia de
lado, ir para o debate franco, aberto e sem meias palavras e discurso político,
metafórico. Quero ouvir as vozes de nossos representantes políticos, porque a
questão é política. Mas é difícil acreditar que rasgar a história do Sudoeste,
içar a bandeira do cada um prá si, vai resolver o problema. Dividir, anotem:
Vai destruir uma história de luta de nossa gente. Porque renascer das cinzas só
acontece na mitologia, como aquela linda ave, como se chama mesmo... a sim, a
Fênix.
Roberto Ivan Rossatti
Jornalista da Fundação Cultura Celinauta
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