quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Odeio Prepotência

Recebi este texto da minha amiga e colega de trabalho Mari Lucia Zanoelo, como conheço muito bem quase todos os políticos do nosso querido Estado do Paraná, não tive dúvidas de quem se tratava. Entrei em contado com a autora do texto, uma jovem senhora, muito amável e de uma simpatia indescritível, e para minha surpresa, é a filha do grande escritor Jorge Amado. Solicitei sua autorização para inserir este texto em meu blog e ela gentilmente me autorizou desde que, publicasse o texto em sua íntegra e sem citar nomes. Confesso que ainda me sinto emocionado por fazer contato, com uma pessoa que viveu ao lado de Jorge Amado, mas mais emocionado por ser tratado por ela de uma maneira tão simples e doce, digna das pessoas de bom coração que conhecem a alma humana.

Por Paloma Jorge Amado
Era 1998, estavamos em Paris, papai já bem doente, participara da Feira do Livro de Paris e recebera o doutoramento na Sorbonne, o que o deixou muito feliz. De repente, uma imensa crise de saúde se abateu sobre ele, foram muitas noites sem dormir, só mamãe e eu com ele. Uma pequena melhora e fomos tomar o avião da Varig (que saudades) para Salvador.

Mamãe juntou tudo que mais gostavam no apartamento onde não mais voltaria e colocou em malas. Empurrando a cadeira de rodas de papai, ela o levou para uma sala reservada. E eu, com dois carrinhos, somando mais de 10 malas, entrava na fila da primeira classe. Em seguida chegou um casal que eu logo reconheci, era um político do Sul (não lembro se na época era senador ou governador, já foi tantas vezes os dois, que fica difícil lembrar). A mulher parecia uma arvore de Natal, cheia de saltos, cordões de ouros e berloques (Calá, com sua graça, diria: o jegue da festa do Bonfim). É claro que eu estava de jeans e tênis, absolutamente exausta. De repente, a senhora bate no meu ombro e diz: Moça, esta fila é da primeira classe, a de turistas é aquela ao fundo. Me armei de paciência e respondi: Sim, senhora, eu sei. Queria ter dito que eu pagara minha passagem enquanto a dela o povo pagara, mas não disse. Ficou por isso. De repente, o senhor disse à mulher, bem alto para que eu escutasse: até parece que vai de mudança, como os retirantes nordestinos. Eu só sorri. Terminei o check in e fui encontrar meus pais.

Pouco depois bateram à porta, era o casal querendo cumprimentar o escritor. Não mandei a putaquepariu, apesar de desejar fazê-lo, educadamente disse não. Hoje, quando vi na tv o Senador dizendo que foi agredido por um repórter, por isso tomou seu gravador, apagou seu chip, eteceteraetal, fiquei muito retada, me deu uma crise de mariasampaismo e resolvi contar este triste episódio pelo qual passei. Só eu e o gerente da Varig fomos testemunhas deste episódio, meus pais nunca souberam de nada...

Paloma Jorge Amado é psicóloga.

Define a sua preferência política desta forma. "Sou livre pensadora. Odeio tudo que é contra o povo, reacionário, retrógrado, preconceituoso. Se tivesse que escolher uma ala, escolheria a das Baianas."

Um comentário:

Mirian Decorações disse...

Prepotência é falta de cultura; aliás, falta de cultura é ponto alto do nosso País, do nosso Estado e de nossa Cidade.
Como é bom conversar com pessoas educadas,e que geralmente são pessoas simples, que se importam em saber mais, do que ter.

Abraço