quinta-feira, 16 de junho de 2011

Álcool, alta velocidade e drogas, "A mistura explosiva"

Hoje parei para fazer uma analise de alguns casos de morte por embriagues ao volante e alta velocidade. O caso Edmundo volta à tona e justamente hoje (16), o caso ex-deputado Carli Filho também ressurge na mídia, pois se espera a decisão sobre o seu julgamento, se vai a júri popular, ou não.
Alessandra Perrota de 20 anos
Joana Couto 16 anos
No caso Edmundo, o jogador dirigia um jipe Cherokee que bateu a 120 quilômetros por hora num Fiat Uno, que capotou, no bairro da Lagoa, no Rio de Janeiro. Morreram na hora o motorista do Uno, Carlos Pontes, sua namorada, Alessandra Perrota, e Joana Couto, que estava no carro com o jogador e outras duas pessoas. Por falta de frascos, o Hospital Souza Aguiar não realizou testes de dosagem alcoólica em Edmundo.
No alto, o deputado estadual Carli Filho. Abaixo, os amigos Carlos Murilo de Almeida (à esq.) e Gilmar Yared, mortos no acidente
Já no caso Carli Filho, o carro do ex-deputado bateu em 2009 na traseira de outro, matou dois jovens, Segundo as investigações, o carro estava a 160 quilômetros por hora e Luiz Carli Filho estava embriagado. Além disso, ele estava sem carteira, pois já havia perdido por excesso de velocidade.
A punição mais rigorosa de motoristas irresponsáveis que provocam morte começou a ser sentida há alguns anos em certas regiões do país. Desde 1995, há consenso entre os juízes de que casos envolvendo a disputa de rachas devam ser julgados sem atraso e leniência. Foi naquele ano que o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, negou habeas-corpus a um motorista gaúcho condenado a dez anos de prisão por duplo homicídio. Ele estava participando de um racha e sua defesa alegou que o crime deveria ser classificado como culposo ou seja, não intencional. Celso de Mello não concordou com a tese e manteve a decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, que julgou o caso como homicídio doloso ou seja, intencional. Esse episódio redirecionou os demais tribunais do país.
Ser célebre e rico não é atenuante. Ao contrário. Como moldadores da opinião pública, os famosos têm uma responsabilidade social maior e, portanto, seu comportamento social costuma ser vigiado mais de perto. "Quando alguém famoso se envolve num caso de repercussão, a situação provoca impacto na opinião pública, que passa a exercer pressão sobre a Justiça", afirma o advogado Sérgio Salomão Shecaira, membro do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais. "Se a celebridade é punida, isso acaba funcionando como um alerta para criminosos potenciais e um balizamento para o juiz em casos semelhantes."
O juiz que colocou o boxeador Mike Tyson na cadeia por estupro em 1992 fez questão de lembrar na sentença que a condição de celebridade do atleta funcionou como um fator agravante. Ao condenar Tyson a uma pena superior à que era dada a autores de delitos semelhantes, a Justiça do Estado de Indiana procurou mostrar a todos os cidadãos que ninguém deve sentir-se acima da lei. Funcionou. Depois da condenação de Mike Tyson o número de estupros cometidos, especialmente por negros, caiu 30% em todo o país.
Entre jovens de classe média das grandes cidades os acidentes de carro são, de longe, os maiores matadores. Por que isso acontece? De acordo com especialistas, o motivo é a explosiva combinação de álcool, drogas e a certeza da impunidade.
"Qual é a diferença entre um homem que mata três pessoas com uma arma e outro que mata com um carro?"
"As pessoas não se movimentam mais a favor de punições rigorosas por um motivo simples: elas imaginam que um dia também poderão estar cometendo o mesmo crime", analisa Roberto Scaringella, diretor do Instituto Nacional de Segurança no Trânsito.
"Beber um pouco antes de dirigir, passar do limite de velocidade e deixar o filho menor de idade no volante são infrações aceitas normalmente no convívio social."
A sensação de impunidade não é exclusiva do Brasil. Quase todos os países industrializados enfrentaram em algum momento uma onda exagerada de violência no trânsito. A experiência mundial mostra que ele só melhora quando há fiscalização ostensiva. O Japão era um dos países de trânsito caótico nos anos 70 e reduziu o número de mortos à metade com um pacote de leis duras, que inclui nível zero de álcool no sangue e presídios exclusivos para motoristas.
A diferença de peso que se dá a esse tipo de crime aqui e nos Estados Unidos fica clara quando se comparam dois episódios. O primeiro aconteceu em Brasília, em 1996. O então ministro dos Transportes, Odacir Klein, voltava de um churrasco com o filho Fabrício, de 18 anos, na direção. Fabrício, que havia bebido cerveja no churrasco, atropelou o pedreiro Elias Barbosa de Oliveira Júnior. Eles fugiram sem lhe prestar socorro e só foram localizados porque testemunhas anotaram a placa do carro. Oliveira morreu no asfalto. Acusado inicialmente de homicídio culposo, com a agravante de omissão de socorro, Fabrício Klein terminou não sendo processado por recomendação do Ministério Público, segundo o qual o pedreiro morreu na hora, sendo assim desnecessária a prestação de socorro. Devido à repercussão do acidente, Klein deixou o ministério. Fabrício foi condenado a doar uma cesta básica por mês durante dois anos a uma instituição de caridade. Há quinze meses, o processo criminal foi reaberto. No processo civil, os Klein pagaram uma indenização de 70.000 reais à família do pedreiro. "No meu caso, houve justiça e eu fui punido", acredita Fabrício. "Talvez porque meu pai era ministro." Para comparar, conheça um caso ocorrido em 1998 em Washington, nos Estados Unidos. O diplomata Gueorgui Makharadze, da República da Geórgia, dirigia bêbado a 130 quilômetros por hora quando bateu em um carro parado no semáforo, provocando uma reação em cadeia que atingiu mais quatro carros. Um deles atingiu a estudante brasileira Jovianne Waltrick, de 16 anos, que morreu na hora. Makharadze perdeu a imunidade diplomática por pressão do governo americano, foi julgado e condenado. Saiu do tribunal algemado direto para a prisão. "A vida de um brasileiro vale mais no exterior que em seu próprio país", diz o desembargador Octávio Valeixo.

2 comentários:

marcos zaninelli disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
marcos zaninelli disse...

CRIME PRESCREVE, E PROCESSO CONTRA EDMUNDO É EXTINTO.

IMPUNIDADE É UMA COISA QUE NÃO EXISTE!
QUANDO FALAMOS ISSO É PORQUE NO PASSADO NÃO ACREDITAMOS EM PESSOAS QUE DERAM Suas Vidas POR UMA NAÇÃO MELHOR. ACREDITAMOS EM PESSOAS QUE DEIXARAM A MAIORIA NA ESCURIDÃO DO ANALFABETISMO, E UNS POUCOS QUE SE LOCUPLETAM DOS RESTOS, E ACHAM QUE FAZEM PARTE DA IMPUNIDADE. E UNS POUCOS CHORAM HOJE, POR QUE A MAIORIA POBRE E CEGA ELEGE OS QUE HOJE DIZEM: COMO VOCÊ É FORTE, VOCÊ É BATALHADOR, ISSO MESMO, SIGA EM FRENTE. AGORA RESTA A LAMENTAÇÃO OU ACREDITAR QUE EM OUTRO PLANO A JUSTIÇA VAI SER FEITA. NO FUTURo SERÁ A MESMA LAMENTAÇÃO? OU VAMOS AJUDAR ESSA IMENSA MAIORIA CEGA QUE FAZ O PRESENTE PARECER UM PARAÍSO? OU VAMOS NO FUTURO CONTINUAR LAMENTANDO?
Os avestruzes estão querendo nossos votos. E O EDMUNDO?