Por
Merval Pereira e Ponto Crítico
O
PT reclama e obriga o STF a não mais usar o termo mensalão em seu noticiário
sobre o julgamento, que passou a ser tratado oficialmente apenas como “ação
penal 470”.
O
Palácio do Planalto procura distanciar-se ao máximo do debate que ele suscita,
e a presidente Dilma Rousseff já disse a interlocutores que essa é uma dor que
o partido tem que sofrer e superar.
Mas
não é apenas a oposição que joga suas esperanças num revés petista nesse
julgamento. Também alguns partidos aliados não envolvidos nas acusações veem no
eventual desgaste petista uma possibilidade de assumirem posições mais
destacadas no governo federal.
O
julgamento tem o potencial de definir as forças partidárias dentro e fora do
PT, realinhando posições políticas e forjando um novo quadro de coalizões, seja
qual for o resultado.
Não é à toa que, volta e meia, pessoas
ligadas ao PT tentam afastar para longe do partido a palavra mensalão,
especialmente em um ano eleitoral.
A
tentativa mais alardeada foi a do próprio ex-presidente Lula, que assediou
ministros do Supremo Tribunal Federal para convencê-los a adiar o julgamento
para depois das eleições.
Tratou
do tema diretamente com os ministros Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski, com os
quais tem relações de amizade, e esbarrou na indignação do ministro Gilmar
Mendes, a quem teria ameaçado com denúncias do PT na CPI do Cachoeira para
obter sua adesão à tese.
Mendes
levou essa tentativa de intimidação ao presidente do Supremo, e confirmou a
manobra de Lula para a imprensa.
O
PT reclamou também de o STF usar o termo mensalão em seu noticiário sobre o
julgamento, que passou a ser tratado oficialmente apenas como “ação penal 470”.
Outra
tentativa foi a de um grupo de advogados ligados ao PT, que enviou à presidente
do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Carmem Lucia, um pedido para que
não permitisse que o julgamento do mensalão fosse usado nos programas
eleitorais dos partidos oposicionistas.
Agora,
há um movimento para pedir à Justiça que os meios de comunicação sejam
impedidos de usar o termo mensalão em seu noticiário, obrigando-os a falar
sempre da “ação penal 470” quando se referirem ao julgamento em curso.
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