Rosemary
Nóvoa de Noronha perdeu cargo por suspeita de envolvimento com quadrilha
acusada de traficar pareceres de órgãos federais para beneficiar empresários
Da Tânia Monteiro
Integrantes do PT entraram
em ação nas últimas 48 horas para tentar acalmar a ex-chefe do escritório da
Presidência em São Paulo Rosemary Nóvoa de Noronha, que está desarvorada com a
perda do cargo e com o indiciamento por parte da Polícia Federal (PF) por
suspeita de envolvimento com uma quadrilha que traficava pareceres técnicos.
Rosemary teve seus telefones
grampeados e a memória de seus computadores está sendo vasculhada pela PF. Por
isso, de acordo com informações de petistas, uma operação "acalma
Rose" foi deflagrada para dar suporte a ela.
Segundo eles, Rosemary é
conhecida por sua instabilidade emocional. Ela chora a todo instante. Em alguns
momentos, chega a fazer ameaças - conforme os relatos - dizendo que não vai
perder tudo sozinha e que não verá sua vida ser destruída sem fazer nada.
"Não vou cair sozinha", avisou.
A ex-chefe do escritório
paulista, que sempre se sentiu à vontade para ligar para a cúpula petista e
ministros, recorreu ao ex-ministro José Dirceu ao perceber a presença da PF em
sua porta. Ela trabalhou com ele por 12 anos. O ex-ministro, que no momento
pretende percorrer o País para dizer que a decisão do Supremo Tribunal Federal
(STF) de lhe aplicar uma pena de 10 anos e 10 meses é política, respondeu que
não poderia fazer nada. Rosemary tentou ainda falar com o ministro da Justiça,
José Eduardo Cardozo, que não lhe atendeu. Como seu padrinho, o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, estava voando da Índia para o Brasil, foi atrás do
ministro-chefe da Secretaria Geral, Gilberto Carvalho, que do mesmo modo nada
pôde fazer, a não ser tentar acalmá-la.
Rosemary já estava sentindo
seu poder esvaziado desde a saída de Lula do governo. Com a posse de Dilma
Rousseff, perdeu parte da liberdade de agir no escritório em São Paulo e de dar
ordens à comitiva presidencial. Auxiliares da presidente passaram a deixá-la em
segundo plano, assim como os assessores do vice-presidente Michel Temer, que
usa muito o escritório de São Paulo. Outros, como o governador da Bahia,
Jacques Wagner, se recusavam a participar das reuniões nas quais ela estivesse
presente.
Mas, mesmo assim, Rosemary
permanecia no cargo por interferência do ex-presidente. O escritório paulista
costuma ser usado quando Dilma faz reuniões com ele em São Paulo. Na campanha,
muitas negociações políticas foram ali acertadas. Dilma já fez também reuniões
com empresários no local. Em todas as ocasiões, o trânsito dela em relação à
presidente era "zero".
A temida "madame",
como gostava de ser chamada, já não despertava mais temor entre subordinados -
que nunca recebiam dela um polido tratamento -, porque não tinha influência
sobre a equipe de Dilma. Mas isso não impedia que continuasse a usar o nome de
Lula, de quem sempre foi muito próxima, para fazer do escritório uma espécie de
balcão de varejo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário