O ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, assumiu que
distribuiu recursos ilegais a políticos e chama de ‘falácia’ a compra de apoio
político. Esta é a estratégia do PT e dos seus advogados para tentar "livrar" a cara de seus dirigentes mais importantes, entre eles o ex-presidente Lula e seu fiel escudeiro Zé Dirceu.
A faixa ao fundo diz que Delúbio é EXEMPLO??? |
Em
memorial sucinto enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-tesoureiro do
PT Delúbio Soares assumiu sozinho a responsabilidade pela distribuição de
recursos ilegais a políticos e partidos da base aliada do governo Luiz Inácio
Lula da Silva. Mas negou que os pagamentos tivessem relação com o “falacioso
mensalão” e alegou ser inocente das acusações de corrupção ativa e formação de
quadrilha.
A
estratégia de colocar a conta do mensalão nos ombros de Delúbio para livrar os
demais réus foi combinada pelo “núcleo central da quadrilha”, definição usada
pela Procuradoria-Geral da República na denúncia entregue ao STF em 2007, como
antecipou o Estado
em 2 de julho. O acerto teria sido articulado entre o ex-ministro José Dirceu
(Casa Civil), apontado como “chefe da organização criminosa”, o ex-presidente
do PT José Genoino e o próprio Delúbio.
Segundo o ex-tesoureiro, as acusações
“não se sustentam”. “Os repasses de valores (…) tiveram como única finalidade o
pagamento de despesas decorrentes de campanhas eleitorais, tanto dos diretórios
estaduais do PT, quanto dos partidos que integravam a chamada base aliada”,
afirma Delúbio. “Restou comprovado que o dinheiro utilizado para pagamento de
dívidas de campanha foi obtido por meio de empréstimos, junto ao Banco Rural e
ao banco BMG”, insistiu, embora a CPI dos Correios, em 2005, tenha afirmado que
o dinheiro teve origem em repasses irregulares do governo para empresas do
empresário Marcos Valério e, de lá, para o caixa do PT.
Ao
contrário do que afirma o Ministério Público, Delúbio nega a existência de
corrupção no esquema. “Os elementos probatórios colhidos na presente ação penal
revelam com clareza que não houve transferência de dinheiro para compra de
votos no Congresso”, disse ele. “É fundamental destacar que as principais
reformas votadas no período questionado só foram aprovadas com votos da
oposição.”
O
julgamento do mensalão começa no dia 2 e Delúbio, um dos 38 réus, pode pegar
até 12 anos de prisão, além de ficar inelegível por até 15 anos. O
ex-tesoureiro se mostra confiante em ser absolvido de acusações como a de
corrupção. “Como restou demonstrado na defesa, inclusive por gráficos, não há
nenhuma relação entre o repasse do dinheiro e o apoio ao governo, o que
desnatura o falacioso mensalão”, disse. “Não há, aliás, nenhum pagamento
mensal, como também se demonstrou.”
Campanha
Da mesma forma, conforme ele, não há
relação entre apoio dos partidos da base com o dinheiro dos empréstimos.
Delúbio dá uma explicação duvidosa: “Ao longo do período em que foram feitos os
repasses, a taxa de apoio ao governo diminuiu, o que mostra a absoluta
improcedência da acusação de corrupção”. Todo o dinheiro que circulou entre
partidos e candidatos de 2002 a 2004, segundo ele “está inequivocamente
relacionado a despesas de campanha”.
Ele
negou que o PT seja uma quadrilha, razão pela qual também acredita que será
absolvido da segunda acusação. Ele explicou que, ao participar da fundação do
partido, associou-se “com muitas outras pessoas com o fim de propugnar por um
projeto político e implantá-lo por meio do exercício do poder obtido pela via
democrática, mas em relação a uma associação para a prática de crimes não há
uma única prova produzida nesse sentido”, destacou.
Com
35 linhas, datado de 28 de junho, o memorial é assinado pelos advogados Arnaldo
Malheiros Filho e Celso Sanchez Vilardi.
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