Desde
2011, governo paranaense obteve aval da STN para receber apenas dois
financiamentos. Estado tem cinco pedidos pendentes
O Paraná é a unidade da
federação com menos autorizações do governo federal para realizar empréstimos
ao longo da gestão Dilma Rousseff. Desde 2011, o estado recebeu aval definitivo
da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) para apenas duas negociações, que somam
R$ 953,5 milhões. Outras cinco, que chegam a R$ 2,445 bilhões, ainda estão
sendo avaliadas.
Na comparação referente ao
número de empréstimos liberados, apenas o Mato Grosso do Sul também teve
somente dois no período – a diferença é que a administração sul-matogrossense
não tem outros pedidos pendentes. O Paraná também fica em último lugar quando é
feita a proporção entre o volume de recursos das operações e os habitantes de
cada estado. Nesse caso, a STN autorizou R$ 87 por paranaense – 44 vezes menos
do que os R$ 3.859 por liberados por morador do Amapá, que está no topo do
ranking.
Em um cálculo que leva em
consideração as riquezas produzidas por unidade da federação, o volume de
empréstimos liberados para o Paraná corresponde a 0,4% do Produto Interno Bruto
(PIB) do estado. O índice mais próximo é o de São Paulo – 1,5%. No Amapá, a
porcentagem cresce para 31,6%.
O que é a STN
Ligada ao Ministério da
Fazenda, a STN é responsável pela apreciação das condições financeiras de
estados e municípios para contrair empréstimos que demandam garantia da União.
A secretaria afere, entre outros pontos, as condições de endividamento e
pagamento dos entes, além dos limites de gastos estabelecidos pela Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF). Negociações que envolvem bancos internacionais também precisam do
aval do Senado.
As dificuldades da gestão
Beto Richa (PSDB) para conseguir as autorizações da STN começaram no segundo
semestre de 2011. Desde o começo, as divergências com o órgão giram em torno do
que pode ser considerado gasto com pessoal dentro dos limites estabelecidos
pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). A interpretação inicial da STN era
de que o Paraná descumpria a LRF por excluir do cálculo gastos com pensionistas
e Imposto de Renda Retido na Fonte.
Após alterações promovidas
pela Secretaria Estadual da Fazenda nas contas do fundo de previdência do
estado, o órgão autorizou, em novembro do ano passado, a assinatura de um
contrato de US$ 350 milhões (R$ 822,5 milhões) com o Banco Mundial. No dia 8 de
novembro, a STN emitiu nota em que atestava que o estado “passou a cumprir os
limites da despesa com pessoal” e que mais dois empréstimos do Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID), de US$ 60 milhões (R$ 141 milhões) e
US$ 67,2 milhões (R$ 158 milhões) também seriam autorizados. Cinco meses
depois, ambos continuam pendentes.
Em tese, a nova
interpretação do Tesouro Nacional também serviria para a liberação dos outros
quatro empréstimos em análise, o que também não aconteceu. Considerado
exemplo-chave no embate entre STN e o governo do estado, o empréstimo de R$ 817
milhões do Banco do Brasil dentro do Programa de Apoio ao Investimento de
Estados e do Distrito Federal (Proinveste) esteve próximo de ser liberado, em
dezembro do ano passado. A autorização foi atrasada, no entanto, por uma
denúncia encaminhada pelo senador Roberto Requião, que contesta as contas de
pessoal apresentadas pelo estado.
Em paralelo, a Procuradoria-Geral
do Estado apresentou uma ação cautelar ao Supremo Tribunal Federal (STF) para
conseguir a autorização do empréstimo. No mês passado, o ministro Marco Aurélio
Mello acatou os argumentos e determinou que a STN deveria aceitar a aferição
feita pelo Tribunal de Contas do Paraná de que os gastos com pessoal estão
dentro dos limites da LRF. O Tesouro Estadual, no entanto, ainda não liberou os
recursos.
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