Zé Dirceu tem muito que aprender com a bandidagem na
cadeia, ou será que ele tem muito a ensinar?
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Condenado por corrupção
ativa e formação de quadrilha pelo Supremo Tribunal Federal, o ex-ministro da
Casa Civil, José Dirceu, jantou na terça-feira, 23, na casa do prefeito de
Osasco (SP), Emídio de Souza (PT). À mesa, bacalhau, vinho, eleições, José
Serra e mensalão. No diagnóstico de Dirceu, o Supremo “leva a situação para o
pior cenário possível”.
Entre uma e outra recordação
das disputas para deputado estadual e federal – a primeira delas em 1987, quando
se tornou constituinte de São Paulo -, o ex-todo-poderoso ministro do governo
Lula comentou que, se for para a cadeia, vai se declarar “prisioneiro político
de um julgamento de exceção”.
Depois
do 2.º turno da eleição, o PT divulgará um manifesto em tom duro, com críticas
ao Judiciário. A estratégia do partido também prevê a cobrança do julgamento
dos réus do “mensalão tucano”, por parte do Supremo.
Sem alívio. À espera de sua
pena, que a Corte máxima vai impor, Dirceu disse estar “preparado” para o pior.
Na sua avaliação, o Supremo “não vai aliviar em nada” no cálculo da punição, a
chamada dosimetria – em tese, ele pode pegar de 3 a 15 anos de reclusão.
O ex-ministro chegou ao
apartamento do prefeito de Osasco acompanhado da mulher, Evanise Santos. Parecia
bem disposto, animado, contrapondo-se ao aspecto abatido que carregava antes de
o STF dar início ao seu julgamento. Até cortou os cabelos, que já estavam
abaixo da nuca.
Fixação. Dirceu soltou boas
gargalhadas cada vez que os convivas falavam da “fixação do Serra” por ele. Era
uma alusão aos debates da campanha à Prefeitura de São Paulo em que José Serra
(PSDB) tem provocado Fernando Haddad, do PT, ao destacar a condenação do
ex-ministro.
Foi uma noite agradável,
relataram convidados. Emídio, pré- candidato do PT ao governo do Estado em
2014, recebeu dez amigos para o jantar, entre eles o deputado federal Vicente
Cândido (PT) e sua mulher, Eva, o advogado José Luis Oliveira Lima, o Juca,
defensor do ex-ministro na ação penal 470, o prefeito eleito de Osasco, Jorge
Lapas (PT), e Marco Aurélio Carvalho, coordenador do Setorial Jurídico do PT.
Solidariedade. “O jantar foi
uma manifestação de solidariedade, um ato de carinho a nosso companheiro José
Dirceu”, disse Carvalho.
Emídio e Dirceu são amigos
de muitos anos. Na conversa, o ex-ministro comemorou o desempenho do PT nas
eleições. Para ele, o partido se mostrou “forte e enraizado” e Fernando Haddad
já pode se considerar eleito.
Dirceu fez menção de
gratidão ao ex-ministro de Direitos Humanos, Paulo Vanucchi. Na Associação
Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais, Vanucchi disse que a
partir de agora o PT vai acompanhar “com lupa” cada voto dos ministros do
Supremo Tribunal Federal.
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