terça-feira, 27 de novembro de 2012

Paraná integrado



Guto Silva*
Aproximar o Governo do Estado de prefeitos e vice-prefeitos eleitos no pleito de outubro desse ano. Esse é o objetivo do encontro que governo paranaense promove entre quarta e sexta-feira desta semana, em Foz do Iguaçu. Uma estrutura de atendimento será montada para que os gestores municipais que assumem em janeiro conheçam projetos e programas de cada área do Estado. O evento foi pensado para facilitar o acesso às informações sobre ações que podem contribuir para o desenvolvimento das cidades paranaenses. 

A iniciativa faz parte do Programa de Estudos Avançados para Líderes Públicos, uma parceria do Governo do Paraná e Sebrae-PR. O objetivo é auxiliar as novas lideranças municipais a planejar os primeiros 100 dias de governo. Dessa forma, o encontro será uma importante ferramenta de aproximação entre o eleitos e o governo do Estado. 

Com esse relacionamento, poderemos apresentar o trabalho realizado pelo Executivo estadual. Para tanto, o governador Beto Richa, além de participar do encontro, terá um gabinete no local para receber os futuros administradores municipais. A ideia é interiorizar o governo, levando-o para perto dos paranaenses. 

A contribuição para os prefeitos eleitos será muito grande. Eles poderão conhecer o que o governo do Estado tem a oferecer aos municípios. Estandes destinados às equipes técnicas e salas de reuniões setoriais serão montados para atender às demandas, que podem ir desde a melhoria dos equipamentos urbanos até o resgate social e geração de renda.

Outro aspecto importante do encontro é facilitar o acesso a um conjunto de programas estaduais. A aproximação dará aos novos prefeitos subsídios para eleger prioridades e formar parcerias com o Estado para a execução das ações. Entre os investimentos apresentados, os prefeitos poderão conhecer programas como Família Paranaense, de combate à pobreza. Iniciado em 30 municípios, o programa está em fase de expansão e passará a atender mais 100 cidades, atingindo um total de 30 mil famílias. 

O governador Beto Richa abre oficialmente o evento, na quarta-feira, às 19h30, com a presença do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Valdir Rossoni, do presidente do Tribunal de Contas do Estado, Fernando Guimarães, e do presidente do Sebrae-PR, Jeferson Nogaroli, além de outras autoridades. Nos dias 29 e 30, secretários estaduais e dirigentes de empresas públicas participam de palestras, painéis, oficinas e dinâmicas de grupo sobre gestão pública empreendedora, plano estratégico, políticas públicas, desenvolvimento local e o papel das micro e pequenas empresas. 

Estamos promovendo uma grande mobilização para atender aos prefeitos. Por isso, a participação de todos é primordial. Assim, podemos manter uma relação institucional estreita, tendo uma visão ampla e integrada para atender às demandas das diferentes regiões do Paraná, acelerando a capacidade de investimentos e levando mais obras para todas s municípios.

*Guto Silva é subchefe da Casa Civil do Estado do Paraná

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Ex-assessora da Presidência diz que 'não vai cair sozinha'

Rosemary Nóvoa de Noronha perdeu cargo por suspeita de envolvimento com quadrilha acusada de traficar pareceres de órgãos federais para beneficiar empresários 


Da Tânia Monteiro
Integrantes do PT entraram em ação nas últimas 48 horas para tentar acalmar a ex-chefe do escritório da Presidência em São Paulo Rosemary Nóvoa de Noronha, que está desarvorada com a perda do cargo e com o indiciamento por parte da Polícia Federal (PF) por suspeita de envolvimento com uma quadrilha que traficava pareceres técnicos. 

Rosemary teve seus telefones grampeados e a memória de seus computadores está sendo vasculhada pela PF. Por isso, de acordo com informações de petistas, uma operação "acalma Rose" foi deflagrada para dar suporte a ela. 

Segundo eles, Rosemary é conhecida por sua instabilidade emocional. Ela chora a todo instante. Em alguns momentos, chega a fazer ameaças - conforme os relatos - dizendo que não vai perder tudo sozinha e que não verá sua vida ser destruída sem fazer nada. "Não vou cair sozinha", avisou. 

A ex-chefe do escritório paulista, que sempre se sentiu à vontade para ligar para a cúpula petista e ministros, recorreu ao ex-ministro José Dirceu ao perceber a presença da PF em sua porta. Ela trabalhou com ele por 12 anos. O ex-ministro, que no momento pretende percorrer o País para dizer que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de lhe aplicar uma pena de 10 anos e 10 meses é política, respondeu que não poderia fazer nada. Rosemary tentou ainda falar com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que não lhe atendeu. Como seu padrinho, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estava voando da Índia para o Brasil, foi atrás do ministro-chefe da Secretaria Geral, Gilberto Carvalho, que do mesmo modo nada pôde fazer, a não ser tentar acalmá-la. 

Rosemary já estava sentindo seu poder esvaziado desde a saída de Lula do governo. Com a posse de Dilma Rousseff, perdeu parte da liberdade de agir no escritório em São Paulo e de dar ordens à comitiva presidencial. Auxiliares da presidente passaram a deixá-la em segundo plano, assim como os assessores do vice-presidente Michel Temer, que usa muito o escritório de São Paulo. Outros, como o governador da Bahia, Jacques Wagner, se recusavam a participar das reuniões nas quais ela estivesse presente. 

Mas, mesmo assim, Rosemary permanecia no cargo por interferência do ex-presidente. O escritório paulista costuma ser usado quando Dilma faz reuniões com ele em São Paulo. Na campanha, muitas negociações políticas foram ali acertadas. Dilma já fez também reuniões com empresários no local. Em todas as ocasiões, o trânsito dela em relação à presidente era "zero". 

A temida "madame", como gostava de ser chamada, já não despertava mais temor entre subordinados - que nunca recebiam dela um polido tratamento -, porque não tinha influência sobre a equipe de Dilma. Mas isso não impedia que continuasse a usar o nome de Lula, de quem sempre foi muito próxima, para fazer do escritório uma espécie de balcão de varejo.

Ciro Gomes critica equipe de Dilma e diz que Gleisi é “fraquinha”



Do Fábio Campana
O ex-deputado federal Ciro Gomes (PSB) criticou o primeiro escalão da presidente Dilma Rousseff e fez ataques diretos a três dos mais graduados integrantes da Esplanada dos Ministérios. O irmão do governador Cid Gomes (PSB) disse que a equipe de Dilma é “muito fraquinha” e deu ênfase negativa à atuação de Alexandre Padilha (Saúde), Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil). As informações são do jornal O Estado de Minas.

Ciro chamou Padilha de “lobista do governo”. “Negociava votos para o governo oferecendo emendas parlamentares”, afirmou, segundo relato do jornal. Sobre Ideli, disse que “não seria minha secretaria particular para assuntos subalternos”. “E por qual razão foi colocada no cargo? Por petismo besta”, prosseguiu. Já a respeito de Gleisi, declarou que “não conhece as pessoas, não conhece a legislação, o Ministério Público, e quando aprender o governo já terá terminado”. Ciro disse ainda que recusou o convite de Dilma para ser ministro.

A fala de Ciro foi durante palestra para pequeno grupo de empresários, nesta quinta-feira, 22, na Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Belo Horizonte. Após os ataques, ele disse que teria de ter moderação. “Porque caso contrário vou perder 10 amigos e ainda tenho muitas palestras para fazer”.

sábado, 24 de novembro de 2012

PF faz busca e apreensão no escritório de SP da Presidência e na AGU

Da Folha de São Paulo


O advogado-geral da União adjunto, José Weber Holanda, é alvo da operação Porto Seguro, coordenada pelo delegado Roberto Troncon (à esq.). Holanda é o braço direito do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams (à dir.), cotado para assumir a vaga aberta por Carlos Ayres Britto no Supremo Tribunal Federal

A Polícia Federal fez nesta sexta-feira (23) busca e apreensão no escritório da Presidência da República em São Paulo por conta da Operação Porto Seguro, com o fim de desarticular organização criminosa que se infiltrou em diversos órgãos federais para a obtenção de pareceres técnicos fraudulentos para beneficiar interesses privados.

Além do gabinete da Presidência em São Paulo, os policiais federais também estiveram na sede da AGU (Advocacia Geral da União) em Brasília.

A ação resultou na prisão de seis pessoas e no indiciamento de 18.

A Folha apurou que a investigação no gabinete da Presidência da República em São Paulo não tem relação com nenhum esquema de corrupção envolvendo a própria Presidência, mas com a atuação de Rosemary Novoa de Noronha, chefe de gabinete na capital paulista.
Rosemary secretariava o então presidente Lula em viagens internacionais e foi responsável pela nomeação dos diretores Paulo Vieira (Agência Nacional de Águas) e Rubens Vieira (Agência Nacional de Aviação Civil).

Os dois e o empresário Marcelo Rodrigues Vieira, todos irmãos, estão entre os presos. Também foram presos temporariamente os advogados Marcos Antônio Negrão Martorelli e Lucas Henrique Batista, ambos em Santos, e Patricia Santos Maciel de Oliveira, em Brasília. Patrícia já foi posta em liberdade.

Segundo a Folha apurou, Rosemary já foi indiciada pela PF após prestar depoimento em São Paulo pela manhã. A acusação contra ela seria de tráfico de influência. Rosemary teria indicado pessoas para empresas e, em troca, receberia presentes, como viagens, passagens aéreas e camarotes em carnavais.

A PF queria apreender computadores, mas Rosemary teria reagido energicamente e teria ameaçado comunicar à presidência da República. A PF, então, teria copiado arquivos.
Rosemary conheceu Lula nos anos 90, quando trabalhava com o então presidente nacional do PT, José Dirceu, a quem assessorou por 12 anos. Começou no governo federal em fevereiro de 2003, como assessora especial do gabinete regional. Passou a chefe da unidade em 2005.

A PF também cumpriu mandato de busca e apreensão na sede da AGU, em Brasília, cujo alvo era o nº 2 da pasta, José Weber Holanda.

O titular da AGU, Luís Inácio Adams, esteve reunido com a presidente Dilma Rousseff nesta sexta-feira, no Palácio do Planalto, em reunião não divulgada pela agenda presidencial. As assessorias de ambos não informam o motivo nem o teor da reunião.

DELAÇÃO

De acordo com o superintendente regional da PF de São Paulo, Roberto Troncon Filho, seis pessoas foram presas e 18 foram indiciadas por conta da operação Porto Seguro. Foi decretado ainda o bloqueio de contas bancárias de empresas envolvidas no esquema.

Para a PF, há comprovação da participação de servidores corrompidos da ANA, Anac, Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antac), AGU, Tribunal de Contas da União (TCU) e Ministério da Educação e Cultura (MEC).

A investigação começou após um servidor do TCU ter procurado a polícia para confessar que havia sido cooptado por criminosos interessados em comprar um parecer técnico. A recompensa seria o pagamento de R$ 300 mil. Ele chegou a elaborar o documento e receber a primeira parcela, de R$ 100 mil, mas se arrependeu posteriormente.

Segundo o delegado, as investigações indicaram que não se tratava de um caso isolado. “Acabou se constatando a existência de um grupo que contava com dois de seus integrantes como servidores de agências reguladoras. O grupo prestava serviços para empresários que tinham interesse em ações como a agilização de processos e até mesmo a elaboração de pareceres técnicos, sob medida, comprados para favorecer interesses privados”, disse Troncon.

De acordo com o superintendente, os irmãos Vieira tinham a função de contatar outros servidores de órgãos públicos federais. Os demais membros da quadrilha se encarregavam do contato com os grupos empresariais ou pessoas físicas interessadas em vantagens ilegais na administração pública federal.

A conclusão da investigação, que contou com 180 policiais, deve ocorrer em até 60 dias. Os investigados responderão, de acordo com suas ações, pelos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, formação de quadrilha, tráfico de influência, violação de sigilo funcional, falsidade ideológica e falsificação de documento particular, cujas penas podem ir de dois a 12 anos de prisão.