quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O sudoeste nos trilhos

Por Guto Silva*

*Guto Silva é sub-chefe da Casa Civil do Estado
A localização estratégica da região sudoeste do Paraná é inegável. Somos um importante ponto de integração logística, com ligação com países do Mercosul (Argentina e Paraguai) e o Estado de Santa Catarina, sendo um ponto de conexão entre o oeste e o litoral (Porto de Paranaguá) e entre o norte e o sul, ligando São Paulo ao Rio Grande do Sul. Também somos grandes produtores de grãos e uma importante bacia leiteira do Paraná. No entanto, todas essas características geográficas e produtivas nunca garantiram uma posição de destaque ou integração do sudoeste com o restante do Estado. 

Naturalmente isolada pelo Rio Iguaçu e há muito tempo sem investimentos de escoamento da produção, nossa região deixa de contribuir com a magnitude do Paraná como um dos celeiros do País. Muito de nossa produção segue diretamente para Santa Catarina e é escoada pelos portos do Estado vizinho. Precisariamos de obras de rodovias e ferrovias cruzando a região para criar um eixo integrado de ligação entre todas as regiões estaduais. 

Porém, uma oportunidade recente para o desenvolvimento do sudoeste pôde não se concretizar. O programa de construção de rodovias e ferrovias do governo federal anunciado pela presidente Dilma Rousseff não vai contemplar o Paraná. Batizado de PAC das Concessões, o programa pretende duplicar 7,5 mil quilômetros de rodovias e construir de 10 mil quilômetros de ferrovias pelo país, em um investimento de R$ 133 bilhões. 

No projeto apresentado, nenhum centavo está previsto para o Paraná realizar reparos e melhorias em suas rodovias e ferrovias, como se o Estado simplesmente não tivesse a necessidade de investimentos em infraestrutura e logística. Temos, no entanto, a quinta maior economia do País, um Produto Interno Bruto (PIB) de 251 bilhões em 2011, sendo o terceiro maior exportador do agronegócio no Brasil. Além disso, somos responsáveis por 14% das exportações brasileiras e de 18% da exportação de grãos. Somos gigantes, um dos pilares econômicos do País. Dentro desse cenário, o sudoeste tem uma responsabilidade enorme na colaboração da produção paranaense. Uma ferrovia cruzando a região criaria um eixo integrador com as demais áreas do Estado. 

O projeto, como apresentado pelo governo federal, exclui toda nossa força produtora, prejudicando de um modo geral a população do sudoeste. Como ignorar, por exemplo, a existência da Ferroeste e a capacidade do Porto de Paranaguá e propor a construção de uma ferrovia paralela? O sudoeste não pode simplesmente ficar de fora, sem recursos previstos. Além de trechos ferroviários, precisamos de recursos para a duplicação da BR-476, entre a Lapa e União da Vitória. Atualmente, esta é uma rodovia com tráfego excessivo de veículos, resultando em muitos acidentes. 

Por isso defendemos, ao lado do governador Beto Richa e dos produtores paranaenses, a construção de um ramal da ferrovia Norte-Sul, contemplando nossa região e chegando até a divisa com Santa Catarina. Estamos lutando junto ao governo federal para a inclusão do sudoeste no pacote do PAC das Concessões. Não podemos permitir que os produtores paranaenses sejam prejudicados pelo projeto como apresentado. Esperamos que haja uma reavaliação do governo federal para colocarmos o sudoeste nos trilhos. 

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Bilhete de Dilma foi uma ‘evasão’ de privacidade

Do Claudio Humberto

O silêncio do Panalto confirma a suspeita de que a presidenta Dilma exibiu de propósito o bilhete com a suposta bronca nas ministras Izabel Teixeira (Meio Ambiente) e Ideli Salvatti (articulação), interpelando-as sobre o acordo para votar o Código Florestal, esperando ser fotografado. O teatrinho foi uma forma de insinuar aos ambientalistas que o acordo foi feito à sua revelia. Autêntica “evasão” de privacidade.

Continuou valendo
Reforça a suspeita de “armação” o fato de Dilma, apesar do bilhete ameaçador, não haver anulado o acordo em torno do Código Florestal.

Lorota
O bilhete que Dilma convenientemente expôs às lentes fotográficas tem um problema: no governo, ninguém ousa fechar acordos sem seu “ok”.

Profissionalismo
Os fotógrafos que flagraram o bilhete de Dilma registraram o fato, mas nada têm a ver com a armação ilimitada do Palácio do Planalto.

Faltou revisão
Para a próxima, Dilma já prometeu submeter a revisão os bilhetes a serem “flagrados”, para não voltar a cometer erros gramaticais.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Limagrain Guerra anuncia fábrica de bioplástico em Pato Branco

Fusão entre cooperativa multinacional francesa e empresa brasileira começou em fevereiro de 2011
por Viviane Taguchi, de Pato Branco (PR)
 
Diretor executivo da Limagrain Guerra, Ricardo Guerra
 A Limagrain Guerra do Brasil - fusão formada pela empresa brasileira Sementes Guerra e a cooperativa multinacional de origem francesa Limagrain - anunciaram na quarta-feira (29/8) em Pato Branco (PR), a criação da Limagrain Guerra Ingrédients, que vai colocar em atividade a primeira fábrica de polímeros derivados de milho da América do Sul.

O investimento é de cerca de R$ 90 milhões, conta com capital das duas empresas e de incentivos do Programa Paraná Competitivo. A fábrica deve iniciar as atividades em agosto de 2013, no Parque Industrial Reta Grande, em Pato Branco, região sudoeste do Estado, com capacidade para 72 mil toneladas de bioplástico.

Segundo Ricardo Guerra, diretor executivo da Limagrain Guerra do Brasil e da Limagrain Guerra Ingrédients, a Biolice, mesmo nome da fábrica que a Limagrain possui na França, vai produzir polímeros derivados de milho para a produção de plásticos 100% biodegradáveis. "É um material que se decompõe com 126 dias por meio de um processo biológico", explica Guerra.

Além de sacolinhas e embalagens como sacos para adubos, o bioplástico pode ter utilidade na agricultura, usado como cobertura de solo. "No processo de decomposição, o produto reage com microorganismos e se transforma em húmus. É um processo de reutilização de resíduos", conta o executivo. Conforme Guerra, os polímeros derivados do cereal também podem se transformar em plástico extrudado, como os usados em hastes de palinetes ou canudos, e em produtos termo-formados como bandejas, potes de plantas, copos ou bandejas para sementes.

Antoine Colombo, diretor de desenvolvimento da Limagrain explica que o bioplástico é feito a partir de farinha de milho, e não de amido, como a maioria dos produtos existentes no mercado. "Levamos mais de 10 anos para chegar a este produto e, para isso, também tivemos que desenvolver variedades especiais de milho híbrido", diz Colombo. "Há muitos produtos no mercado que levam o nome de plástico biodegradável, mas não são totalmente. Eles desaparecem, mas se transformam em partículas prejudiciais ao meio ambiente".

De acordo com ele, a matéria-prima para a fabricação do bioplástico em Pato Branco será fornecida pelos produtores rurais da região sudoeste do Paraná. "O pessoal vai ter que investir em aumento de produtividade para atender a demanda", diz ele.

Lixo

Pesquisa realizada pela Limagrain Guerra indica que, em 2003, o brasileiro produzia em média, 200 gramas de lixo doméstico por dia. Em 2011, a produção foi de um quilo por dia. "Com a ascensão das classes sociais, a população passa a consumir mais e, consequentemente, produz mais lixo. Calculamos que 14 bilhões de sacolinhas circulem no país por ano", alerta o executivo. "E elas demoram mais de 100 anos para se decompor, deixando resíduos invisíveis", diz.

Parceria de sucesso

A Biolice será o terceiro grande investimento da parceria Limagrain Guerra do Brasil, selada em fevereiro de 2011. Primeiro, as duas empresas se uniram para atuar exclusivamente no setor de produção de sementes de milho híbrido. Em julho do mesmo ano, adquiriram a Brasmilho, em Goianésia (GO) e lançaram nesta quarta-feira, a Limagrain Guerra Ingrédients.

Em novembro de 2012, a empresa vai inaugurar, em Guarapuava (PR) a primeira fábrica de pães Jacquet fora da Europa. "É uma marca muito tradicional na França, onde eles têm sete fábricas. Com a estrutura que estamos criando na região - um moinho de milho e um moinho de trigo - e a produção regional de cereais paranaense, vamos agregar valor à cadeia, principalmente, resgatar a triticultura no Estado", diz Luis Fernando Guerra, CEO da Limagrain Guerra do Brasil.

Nesta safra, o Estado do Paraná vai colher a menor safra de trigo desde 1976. "Temos a menor produção dos últimos 36 anos, algo em torno de 800 mil hectares somente", afirma Norberto Ortigara, Secretário de Agricultura do Paraná. "O trigo é uma cultura extremamente importante para o Paraná, temos que buscar incentivos para o produtor continuar na atividade", diz.

De acordo com Manuel Rubio, CEO da Limagrain para a América do Sul, a LG do Brasil já investiu cerca de US$ 80 milhões no setor de sementes e nos próximos dois anos, serão aplicados mais R$ 100 milhões. "Na América do Sul, temos parceiros na Argentina e no Brasil. NO entanto, devido aos problemas na Argentina, estamos mirando cada vez mais nossos investimentos no Brasil", afirmou.

Entre os principais planos da companhia está a instalação de uma usina e uma unidade secadora de sabugo, em Goiás. No Brasil, os franceses também têm parcerias com empresas produtoras de sementes de hortaliças.